Artista sul-mato-grossense do século XX bastante importante na construção da identidade do Mato Grosso do Sul, a escultora Conceição dos Bugres possui artesanatos que a tornaram ícone cultural do Estado. Os bugres da Conceição, como são conhecidos, parecem uma espécie de totem de madeira.
Conceição dos Bugres. Foto: Divulgação. |
Segundo informações do blog Amigos do MIS (Museu da Imagem e do Som) de Campo Grande, a escultora nasceu em 1914 e faleceu em 1984. Aos seis anos de idade, Conceição mudou-se para Ponta Porã, no antigo Mato Grosso, época em que os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul ainda não haviam sido emancipados.
Suas obras talhadas na madeira com imagens e feições de bugres foram criadas por Conceição no final dos anos 60. Mesmo após a morte, Conceição Freitas da Silva deixou o seu legado para a cultura e artesanato. Na época da morte, o marido continuou fazendo, e depois de morrer também, a tradição continua sendo mantido pelo neto Mariano. Desde os oito anos de idade, Mariano auxiliava a avó Conceição.
Foto: Divulgação. |
Os trabalhos da artista são relacionados aos objetos confeccionados pelas sociedades indígenas do Mato Grosso do Sul e sua arte. Conceição começou a escupir os bugrinhos quando viu uma cepa de mandioca com cara de gente e teve a ideia de fazer uma pessoa. Quando a mandioca secou, ela ficou com cara de velha e a artista passou a trabalhar a madeira.
Foto: Divulgação. |
Em 1992, o filho de Conceição, o artista plástico Ilton Silva contou em entrevista que a mãe morreu pobre e vendia barato suas esculturas, pois não tinha consciência do valor de suas obras. A escultora foi a primeiro do Mato Grosso do Sul a ser reconhecida nacionalmente por críticos.
No ano passado, o Campo Grande News entrevistou Mariano e ele contou que não existem com a família mais bugres originais, pois todos foram vendidos. Ainda segundo o site de notícias, o neto com 46 anos na época da entrevista ainda reproduz os bugres da Conceição, porém em eucalipto.
Apesar de bastante importantes para a cultura regional, o neto de Conceição falou para a reportagem do jornal online que atualmente o artesanato não dá mais dinheiro igual dava, por exemplo, na década de 80, a última época de boas vendas.
*Com informações de Amigos do MIS, Campo Grande News e do artigo "A obra de Conceição dos Bugres: ancestralidade e identidade", escrito por Silvana Colombelli Parra Sanches e Maria Luiza Silva de Campos.
Texto: Ben Oliveira
Um comentário:
Vale a pena comentar que Conceição Freitas da Silva era gaúcha de Santiago do Boqueirão. O fato dela ter nascido em terras gaúchas não tira de Conceição dos Bugres a condição de sulmatogrossense, pois foi aqui nestas terras brasiguaias que ela cresceu, viveu e desenvolveu seu trabalho e sua arte.
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