Trecho retirado da revista Cultura em MS de 2010
Homem Pantaneiro Foto: Divulgação |
Segundo a pesquisadora
Maria Leda Pinto: O homem pantaneiro, que há muitos anos habita o Pantanal,
aprendeu a viver com um mundo inundado, úmido ou seco. É um homem simples, calmo,
acostumado à solidão e ao isolamento, mas não deixa de lado a solidariedade:
está sempre pronto a receber, a informar, a servir de guia, a explicar sobre
animais e água e a contar seus causos. É antes de tudo um forte que, atuando em
uma área cheia de adversidades, está integrado a esse contexto. Com seu chapéu
de palhas de abas largas na cabeça (o de feltro não é apropriado para as altas
temperaturas do verão pantaneiro), calças jeans surradas e a camisa ou camiseta
de mangas curtas e facão no cinturão, trabalha com o gado, sempre montado com
seu cavalo.
Através do isolamento
humano e geográfico, muitos hábitos e costumes do homem pantaneiro foram
adquiridos dos paraguaios-guaranis, formando com outras contribuições a cultura
pantaneira. O pantaneiro é assim uma pessoa calejada, quieta, observadora,
porque segundo Barros, o Pantanal é uma área agressiva, difícil, exigindo de
seus ocupantes, particularmente no passado, estóica aceitação. Multidões de
insetos, além de répteis e outros agressores, em certas épocas do ano, fazem da
vida insuportável, ainda hoje, aos que não têm o habito da convivência. Some-se
o calor de 40 graus. Somem-se nos primeiros tempos, a solidão e o isolamento.
Veja também:
http://www.ilovemsoficial.com/2012/04/pantanal-sul.html
Veja também:
http://www.ilovemsoficial.com/2012/04/pantanal-sul.html
O homem pantaneiro,
característico neste universo, tem sua própria linguagem, sotaque específico da
região onde vive, preserva muito um "dedo de prosa", é observador e
atento, irônico e não perde o humor, assim como é especialista em colocar
apelidos nas pessoas. Ele é um bom tocador de berrante, cada chamada, cada
toque ou em linguagem pantaneira, cada som, tem seu significado; pode dizer se
está na hora de alguém abrir a porteira, se é o momento do descanso, do pouso,
enfim, do que se tem para fazer (NOGUEIRA, 2002). As distâncias e o difícil
acesso às fazendas fizeram com que este ser humano se acostumasse ao isolamento
e à solidão.
Na atualidade tem surgido
uma nova atividade para o homem pantaneiro que habita na região do Pantanal – a
atividade de guia de turismo. O homem pantaneiro está se tornando um peão-guia nas
fazendas que estão investindo nessa nova atividade econômica e social.
O Pantanal não seria o que
é sem o homem que o habita, o homem que faz a história do Pantanal e sua
própria história.[...]
Por isso falar do pantanal
e não se referir ao homem pantaneiro seria como, ao se falar sobre um rio
esquecer-se de mencionar suas águas.
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