No Pantanal, os períodos de chuva e de seca
que definem a vida e ditam as regras ao homem pantaneiro. Na época das chuvas o
Pantanal se inunda por completo, e o sertanejo é obrigado a afugentar seu gado
para as partes mais altas da região numa tentativa de sobrevivência ao ciclo
natural do bioma. O mesmo ocorre na seca, onde o pantaneiro é obrigado a
conduzir seu gado pelo vasto campo, em busca de água e comida.
Assim nascem as comitivas pantaneiras formadas
por grupos de peões de boiadeiro e suas montarias, o comissário era o dono da comitiva. O ponteiro
era um peão experiente e conhecedor das estradas, que ia à frente tocando o
berrante, nos momentos apropriados, para atrair, estimular a marcha ou acalmar
o gado e dar sinais para os demais peões. Os rebatedores eram os peões
que cercavam o gado, impedindo que se espalhassem. Os peões da culatra
iam na retaguarda da boiada. Os peões da “culatra manca” ficavam para
trás tocando os bois que tinham problemas para acompanhar a marcha da boiada,
por cansaço, ferimento ou doença.
Comitiva Pantaneira Foto: Bosco Martins
O cozinheiro saía mais cedo que os
demais integrantes da comitiva, conduzindo os burros cargueiros com suas
bruacas, nas quais levava os mantimentos e tralhas de cozinha, até encontrar um
rio em cuja margem pudesse preparar a refeição, ou seja, “queimar o alho”.
Conforme destacado acima, a terminologia podia variar de região para região.
Bem na hora da "queima do alho". Foto de Cleberson Carvalho
O berrante
é uma buzina feita de chifres de boi unidos entre si por anéis de couro, metal
ou chifre mesmo, e era usado pelos ponteiros para atrair, estimular ou acalmar
o gado e dar sinais aos demais peões da comitiva. Ele emite sons, que podem ser
graves ou agudos, dependendo do toque, a partir das vibrações do ar feitas
pelos lábios do berranteiro em contato com o bocal mais estreito do
instrumento. Esse bocal varia de acordo com a forma dos lábios, podendo ser
mais raso ou mais fundo.
O peão de
boiadeiro, integrando a sua comitiva pantaneira, percorria léguas e mais léguas pelo
sertão, durante dias e até meses, tangendo o gado no lombo de mulas, vivendo
toda a sorte de aventuras no estradão, ora enfrentando situações de perigo,
como quando a boiada estourava ou tinha que cruzar um rio caudaloso, ora
vivendo romances com as mocinhas nas vilas por onde passava, ora se divertindo
com os companheiros à noite nos pontos de pouso, onde tocavam viola e dançavam
o catira.
Homem Pantaneiro. Foto de Antonio Carlos Banavitas
O peão de
boiadeiro por onde passa despertam paixão das moças, a admiração dos
jovens que queiram tornar-se um deles e o respeito dos demais homens.
2 comentários:
Adorei o Post, Mari!
Fiz um sobre o Pantaneiro, o Pantanal e a Saudade... (http://viajandomundoafora.com/2012/08/15/o-pantaneiro-o-pantanal-e-a-saudade/)
Ê, meu Pantanal :)
Beijos!
Eu amei o post...show de bola
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